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Quando foi que imaginamos?

A minha geração em nenhum momento enamorou com um regime totalitário, quando eu nasci, em 1993, já estávamos em um estado democrático e tínhamos recentemente desfechado um percurso de deposição do primeiro líder eleito pelo voto direto, quando atingi o meu décimo aniversário, estávamos como sociedade, conhecendo o primeiro ano de um governo popular, de esquerda, cuja a matriz estava sobre a busca intensa, de um minoramento de condições para os mais vulneráveis, com programas como o bolsa família garantindo-os o direito, a pleitear uma vida próspera. Ao completar dezoito anos, o Brasil observava os corredores das principais universidades do país, sendo refesteladas de jovens oriundos das periferias brasileiras, as distintas matizes sociais sendo representadas, e a compreensão era, de que a nação caminhava para aquilo que fora predito no passado, o país do futuro. Mas desde 2013, com vinte anos, deparei-me, como muitos, com rumores sibilares, daqueles que já não suportavam essa atmosfera, então fomos contemplados com o golpe em 2016, e a partir desse episódio, gestou-se no ventre da democracia, um filhote representante da ditadura.


Essa criança desenvolveu-se, sendo nutrido por ideologias deturpadas, enrijeceu a suas musculaturas, tornasse adulta, mesmo não estando com suas faculdades mentais em ordem, e eu com os meus vinte e sete anos, o vejo hoje, forcejar com virulência, as sebes que o flanqueiam, impedindo-o de perpetrar o seu miraculoso plano de aterrar com as liberdades, mesmo dizendo-se em nome dela. Quando Bolsonaro vocifera "acabou, porra", eu indago-me, o quê? O direito de expressarmos livremente, mas com responsabilidade, não partindo para a direção das Fake News, e com isso, contribuindo para não destinar o Brasil, a um obscurantismo atroz, acabou o direito de exercer uma cidadania plena, com todas as prerrogativas possíveis para demonstrarmos o nosso descontentamento, seja nas vias públicas ou redes sociais, acabou um estado onde o Supremo, imbuído de espírito republicano, sendo o ente que zela pela constituição, e por isso, cumpre com suas atribuições de defendê-la e exercitar o seus dispositivos, quando assim for necessário, como fez o ministro Alexandre de Moraes, que ao deflagrar essas ações da polícia federal, dispara contra o âmago de uma indústria malévola, de ódio, de justiçamento, de pulsões de morte. Constatamos isso ao enxergarmos as expressões faciais de seus representantes, e veremos como decai de seus lábios, a espuma raivosa, de um pet apto para o ataque, como Sara Winter e Alan dos Santos, e que contribuiu para que Bolsonaro estivesse assento hoje na cadeira presidencial.


O hálito da ditadura, já se faz presente entre nós, e isso é impossível de denegar, e as instituições, como o próprio STF, com o ministro Dias Tofolli, sendo o seu presidente, buscando não se indispor com o Jair, o insta a prosseguir nessa escalada em decibéis, exibindo-se nos píncaros de sua ignorância. Como também Rodrigo Maia, presidente da câmara dos deputados, por temer transformar-se em alvo das milícias cibernéticas e do governo federal, engaveta todas a solicitações de impeachment, encorajando a turba presidencial a continuar a desancar publicamente a todos os atores desse enredo, por estarem acomodados e confortáveis, porquanto, estão cientes, de que a sua força hoje, está em um grau elevado. Se a minha geração nunca cogitou em seus devaneios um regime de forças armadas, tem quem sonhara por ela, e tenciona a qualquer custo, materializá-lo.


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