Dia de finados, e as famílias que visitam os túmulos de entes queridos e relembram histórias dos falecidos. O Enem chega para milhares de estudantes com o objetivo do futuro profissional. O fim e o começo para viajantes do sistema.
No dia funesto, comprar flores e ir para o cemitério olhar lápides de datas e nomes de desconhecidos. A vida de quem viveu e de quem não viveu. Terminam num dia qualquer de uma semana, mês, ano. Planos não concretizados, sonhos não vividos tornam a vida misteriosa e cheia de perguntas.
Para o sistema vigente, pessoas morrem e aparecem no jornal. Morreu Fulano de Tal. Alguns falam quem é Fulano, coitado do Fulano, antes o Fulano do que eu, o Fulano era uma boa pessoa. Fulano é o nome para qualquer um que o sistema não conhece. Um anônimo qualquer, sem menção e nem honrarias, apenas fulano.
O Enem chega e mais pseudo estudantes, entram com a ideia de faculdade é igual à carreira. Os atrasados do Enem de novo, a mesma história. A evolução está na prova digital, sem papéis. E sem questões ideológicas, ninguém é obrigado a opinar sobre aquilo que não sabe. Se o João é gay, tem namorado, mora com os pais, que o amam e o aceitam do jeito que ele é. E alguém pergunta o que ele acha de uma relação heterossexual, com pessoas na meia idade, que já tiveram filhos, ele não é obrigado a saber.
O estudante sai do Enem "morto" para viver uma vida confortável. O visitante sai do cemitério vivo, mas completamente destruído pela perda. Enquanto isso; um Pedro come bistecas com a sua esposa no Centro de uma cidade qualquer. E o melhor que se fazer é deixar ele quieto.